terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dupla de R$ 261 milhões vê maior responsabilidade na Seleção


Lucas e Hulk, vendidos recentemente por valores estrondosos, disputam
vaga e acreditam que a cobrança será maior em razão das transferências

A bancada de entrevistas coletivas no primeiro dia de treinos da seleção brasileira no CT de Cotia estava valorizada. Arouca, convocado pela primeira vez, sentou-se ao lado de uma dupla que vale nada menos que R$ 261 milhões. Hulk, vendido pelo Porto ao Zenit por 60 milhões de euros (R$ 153 mi), e Lucas, que vai trocar o São Paulo pelo PSG por 43 milhões de euros (R$ 108 mi).
Concorrentes por um lugar na equipe titular que vai enfrentar a África do Sul, os jogadores sentaram-se lado a lado e comentaram suas transferências. Em comum, a impressão de que a cobrança sobre ambos vai aumentar em razão da quantia desembolsada pelos clubes.Hulk, que chegou a atuar por seis meses nas categorias de base do São Paulo em 2002, três anos antes de o CT de Cotia ser inaugurado, revelou que chegou ao Brasil na segunda-feira sem acreditar numa transferência, até receber a ligação de seu empresário para informar que o negócio com o Zenit havia sido concretizado.
- Fui para o jogo no sábado e achei que iria continuar no Porto, mas ele falou que o Zenit chegou forte. Entre mim e o Zenit já estava tudo 90% acertado, e na segunda fechamos tudo.
Hulk tornou-se o jogador mais valorizado da janela europeia de transferências, mesmo após a decepcionante participação nas Olimpíadas de Londres - ele foi um dos três convocados acima da idade, ao lado de Thiago Silva e Marcelo, mas perdeu a posição para Alex Sandro durante a competição.
Hulk e Arouca, Seleção Brasileira (Foto: Marcos Ribolli / GLOBOESPORTE.COM)Negociações de Hulk e Lucas agitaram a janela europeia (Foto: Marcos Ribolli / GLOBOESPORTE.COM)








Para o atacante, os torcedores vão passar a esperar um rendimento ainda melhor de um jogador de mais de 150 milhões de reais, mas ele não pode se considerar mais importante do que os companheiros.
- Fico feliz por ter o trabalho reconhecido, olhar para trás e ver o que enfrentei para chegar até aqui e me tornar uma das maiores transferências. Vai ter cobrança, as pessoas vão dizer que terei de jogar mais, correr mais, mas dentro de campo somos todos iguais. A responsabilidade é grande, mas estou feliz - declarou.
Lucas conseguiu ficar no São Paulo até o fim do ano, graças a um acordo do clube paulista com o PSG, mas já é taxado de jogador mais caro da história do futebol brasileiro, até porque o valor foi pago imediatamente.
Em contagem regressiva para se mudar para Paris, o meia de 20 anos acredita que será mais cobrado após a negociação.
- Dentro de campo, sempre temos de tentar fazer o melhor, mas por tudo que envolve as transferências, pelos valores, a responsabilidade sempre aumenta.
Na sexta-feira, a tendência é que Hulk comece o jogo no banco de reservas, enquanto Lucas seja titular ao lado de Oscar, Neymar e Leandro Damião. Mano Menezes já afirmou, no dia da convocação, que o jovem deveria ganhar mais tempo para atuar nos próximos jogos, ao contrário do que ocorreu nas Olimpíadas, quando foi mero coadjuvante
.

Kaká e Ricardo Carvalho são inscritos na Liga dos Campeões pelo Real


Zagueiro português, que sequer participou da pré-temporada do clube, recebe o número 11


kaka real madrid (Foto: AFP)Kaká durante treino do Real Madrid (Foto: AFP)
Sem muito espaço com o técnico José Mourinho no time do Real Madrid, o meia brasileiro Kaká e o zagueiro português Ricardo Carvalho foram inscritos pelo clube espanhol na fase de grupos da Liga dos Campeões, segundo relação divulgada nesta terça-feira.
Kaká foi relacionado por Mourinho para alguns jogos do Real na temporada, mas não entrou em campo até agora. O máximo que o brasileiro conseguiu foi ficar no banco de reservas.
A situação de Ricardo Carvalho vinha sendo ainda pior, já que o defensor de 34 anos sequer participou da pré-temporada da equipe madrilenha e passou boa parte do tempo treinando em separado à procura de um novo clube. No entanto, o atleta português não conseguiu ser negociado e, como a janela de transferências na Europa fechou, acabou permanecendo e foi inscrito com um número tipicamente usado por atacantes: 11.
As grandes novidades na lista de Mourinho são o zagueiro Nacho Fernández, o meio-campista Juanfran e o meia-atacante Denis Cheryshev, todos crias da base do Real.
Confira a lista (com números das camisas):
.1. Casillas
.2. Varane
.3. Pepe
.4. Sergio Ramos
.5. Coentrão
.6. Khedira
.7. Cristiano Ronaldo
.8. Kaká
.9. Benzema
10. Özil
11. Ricardo Carvalho
12. Marcelo
13. Adán
14. Xabi Alonso
15. Essien
16. Juanfran
17. Arbeloa
18. Raúl Albiol
19. Modric
20. Higuaín
21. Callejón
22. Di María
23. Cheryshev
24. Nacho Fernández.
25. Jesús Fernández.

 

Música, privacidade, mulheres: a casa de shows que virou lar de boleiros


Com menos de um ano de funcionamento, boate da Zona Oeste vira sensação da noite carioca e ganha fama de oásis de jogadores de futebol


Segunda-feira. Dia do descanso, da ressaca do fim de semana. Bares e boates fechados e silêncio nas ruas mais badaladas. Assim funciona em quase todo o Rio de Janeiro, mas nos 3,5 mil m² de uma luminosa e imponente casa de shows na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, cerca de seis mil pessoas sacolejam ao som do pagode e do funk. Espalhados pelos 200 camarotes com seus cordões gigantescos, camisas apertadas e bebidas na mão estão os jogadores de futebol. Uns famosos, outros nem tanto. Mas todos atraídos pelo perfil que o empreendimento, aberto há nove meses, tem.
Especial Barra Music (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Longe dos cartões postais do Rio, o Barra Music é atração para gente do todos os tipos. Os eventos são sucesso de público, uma rotina da casa (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Inaugurado em novembro de 2011 com um investimento inicial de R$ 10 milhões, o Barra Music transformou-se em point dos jogadores durante a semana – há programação fixa às segundas e quintas – e pesadelo para treinadores e dirigentes dos clubes cariocas. Antes de deixar o Flamengo, o técnico Joel Santana citava o local como um dos “culpados” pelo fracasso de seu trabalho.
- Os caras moram lá. Nunca vai dar certo.
Não foram poucas as vezes em que Ronaldinho atrasou-se para um treino matinal após passar a madrugada por lá. Até em casos policiais a casa foi envolvida. Em dezembro, quando ainda era jogador do Corinthians, Adriano foi acusado - e depois inocentado - de balear uma jovem na mão ao sair de um show do cantor Leandro Sapucahy. Outros tantos, não apenas do Flamengo, batem ponto semanalmente. Há até jogadores de outros estados que encaram a viagem pela noitada – na segunda-feira, dia 20 de agosto, o atleticano Jô esteve presente na roda de samba do grupo Revelação. O deputado federal Romário, famoso por gostar de hip hop, foi pela primeira vez ao lugar em um show do Trio Ternura.
- Sou amigo de um dos donos, já tinha sido convidado e estou comemorando o aniversário de um amigo. Sei que os jogadores gostam, meu filho (Romarinho) frequenta a casa. É ampla, muito bonita, a música é boa. Quero estar aqui outras vezes. Não sou mais jogador de futebol, agora sou político, mas no meu tempo curtia mais hip-hop, funk. Não tenho nada contra pagode - afirmou.
Mas por que tanto fascínio? As respostas resumem o estereótipo da profissão. Lugar espaçoso, certa dose de privacidade, mulheres com vestidos curtos e justos - quase embaladas a vácuo –, trilha sonora predileta da classe e localização ideal para o público-alvo. Gerente de marketing e artístico da casa, Walnir Oliano reconhece o perfil favorável à presença de jogadores:
Nós trabalhamos com uma programação que atrai muitos jogadores de futebol, que inclui pagode e funk, que invariavelmente a maioria dos jogadores de futebol curte mais. Como nós temos isso no mesmo dia e em dias alternados, e geralmente em dias que são mais propícios para que possam vir, eles aparecem para curtir. Segunda, por exemplo, temos pagode."
Walnir Oliano, gerente de marketing e artístico
- Talvez haja uma identificação muito grande porque o jogador de futebol gosta de movimento, gosta de ver gente, de espaço. Eles curtem boates pequenas, mas elas não combinam muito com o perfil deles. E nós trabalhamos com uma programação que atrai muitos jogadores de futebol, que inclui pagode e funk, que invariavelmente a maioria dos jogadores de futebol prefere. Os dias também são propícios. Segunda, por exemplo, temos pagode. É um dia em que não tem jogo, já jogaram no fim de semana e estão descansando.

A proposta do Barra Music é semelhante à de outra casa que “bombou” e reinou como lugar preferido dos jogadores na última década: a Via Show, encravada no início da rodovia Presidente Dutra, estrada que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. Porém, a localização fez a novata roubar o posto.
- Hoje, a maioria mora na Barra. Então ficou mais cômodo para aqueles que frequentavam casas noturnas em outros lugares. Ainda mais em tempos de Lei Seca – completou Oliano.

Especial Barra Music (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
O camarote misterioso
Não há passagens secretas na casa de shows. A entrada dos famosos ocorre pelos fundos. Enquanto eles não chegam, seus convidados, quase sempre belas mulheres, aguardam por ali. Assim que o jogador estaciona o carro, um assessor vai à recepção para a retirada das pulseiras que dão acesso aos camarotes. Em certos casos, são os próprios atletas que buscam os ingressos.

O camarote premium, espaço preferido e disputado pelos grandes astros do futebol, desperta curiosidade dos frequentadores. O local, para 25 pessoas, não é luxuoso. Tem uma porta que controla a entrada – diferente das grades dos demais -, sofás, mesas de metal e o grande diferencial: vidros com películas escuras nas laterais para evitar olhares curiosos. A cada noite há sempre o mistério: quem está dentro da área reservada? O que os convidados fazem por trás da proteção?
Romário e amigos no Barra Music
(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
- O que acontece? Nada que não ocorra em outros locais. Os jogadores podem beber à vontade e se distrair com amigos e amigas. As pessoas têm criatividade e devem pensar que acontecem várias orgias ao som do funk, mas não é assim – disse um amigo de um jogador.
Por noite, um jogador gasta entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil com bebidas e petiscos para seus convidados. A consumação elevada garante a entrada gratuita para a comitiva. Mulheres não abrem a carteira. Por isso, elas se posicionam estrategicamente atrás dos camarotes.
- A mulherada fica ouriçada na área dos camarotes. Nesse espaço de 30, 40 metros, elas ficam esperando alguém chamar para entrar, principalmente os jogadores. É assim a noite toda - disse um dos garçons.

A recepcionista Paula da Silva confirma em parte a tese. Moradora do bairro do Anil, na Zona Oeste, ela vai ao Barra Music pelo menos duas vezes por semana, principalmente às segundas, quando está de folga.

- Eu venho para o Barra Music porque é um lugar com muita gente bonita, encontro amigos, gosto da música. Já fui abordada por jogadores aqui, conheço muitas meninas que são chamadas para entrar nos camarotes. Acho que a casa ganha mais glamour com a presença dos jogadores. Eu ficava com um jogador do Fluminense, conheço muitos jogadores, mas não venho aqui por causa deles.
Especial Barra Music (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Paula conta que já foi abordada por jogadores de futebol na casa de shows (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Já fui abordada por jogadores aqui, conheço muitas meninas que são chamadas para entrar nos camarotes. Acho que a casa ganha mais glamour com a presença dos jogadores."
Paula da Silva, frequentadora do Barra Music
No espaço mais popular do Barra Music, a pista, os boleiros também estão presentes. Não os famosos, que atraem flashes e pedidos de autógrafos, mas aqueles que seguem o estilo. Camisas apertadas, brincos e cordões, bonés de aba reta e relógios nada discretos. Gente que aproveita a noite sem o mesmo glamour, mas se diverte.
Mestre de capoeira e jogador de futebol amador, Lúcio de Oliveira, de 36 anos, vive há seis em Munique, na Alemanha. Na segunda vez no Barra Music, abriu mão dos camarotes e passou a noite na pista, com outros três amigos.

- São poucas casas no Brasil como esta. É um lugar com gente bonita, o som é bom. Conheço muitos jogadores de futebol que frequentam aqui. Alguns desconhecidos e outros famosos. Esses nunca estão sozinhos. Estão sempre cheios de amigos e mulheres. Acho que a presença dos jogadores gera mais mídia para a casa, atrai mais gente. Tem os jogadores mais novos, que ninguém conhece ainda, e aquela rapaziada que se passa por atleta (risos).
Para a direção, a fama de atrair jogadores não atrapalha. Pelo contrário.

- Toda mídia é bem-vinda. Não exploramos isso comercialmente. É uma coisa natural. A casa tem um potencial muito grande. As pessoas ficam encantadas, inclusive as pessoas de fora do Rio de Janeiro. Tivemos a Rio+20 e recebemos uma grande quantidade de turistas de várias partes do mundo. Como a casa é muito atraente, acaba recebendo personalidades, não só do mundo do futebol - disse o gerente de marketing e artístico.

Info_Barra-Music-2 (Foto: infoesporte)